SONHAR
Noites tais que dão margem
aos mais puros sonhos,
porém são sonhos...
Apenas sonhos, ou não?
Se a magia dos sonhos
fosse suficiente à verdade,
a vasta realidade,
se encheria de sonhos.
Assim como o futuro
se torna presente.
E o mais profundo buraco
ainda possui fundo.
Às vezes penso no mal,
que sempre rasga o sentimento
deixando para trás
cicatriz de sofrimento.
Ao sonhar com sentimento
lembro dela e do nada,
olhar de apaixonada,
dona do meu tormento.
Um beijo que fosse
um toque vulgar de clareza.
Encontro com a magia
pesadelo de sonhar.
Os sonhos são como um mar,
dão voltas e voltas,
cortam os fios da vida
como se não usasse para nada.
Dão chance ao pensamento
que cresce como um tornado,
até quebrar em mil pedaços
por bater de frente com a decepção.
De um oceano sem fim,
de um CORAÇÃO.
António Soares
27-02-2005
Não amo a cor dos olhos
Amo o olhar
Não amo a brancura dos dentes
Amo o sorriso
Não amo o contorno dos lábios
Amo o beijo
Não amo o formato dos braços
Amo o abraço
Não amo o alongado dos dedos
Amo a carícia
Não amo as curvas das pernas
Amo o andar
Não amo o volume dos seios
Amo o aconchego
E que bom não seja isto uma escultura
Seja apenas um poema à-toa
Porque não amo um corpo
Amo uma pessoa.
António Soares
17-02-2005
O Amanhecer Olha o dia amanhecendo e logo irás sentir que, em quase tudo, há anjos tecendo o alvorecer. Uns são raios de sol que vêm descendo, para iluminar o que de bom a gente sonha fazer. Outros são canções suaves que quando em silêncio, a gente ouve em toda fonte que jorra, em cada onda que bate, em cada sopro de vento, em cada silvo selvagem, em cada bicho que corre, em cada flor ao nascer. Eles são fontes de energia e protecção, presentes em teus planos, desejos, vontades, em tudo o que o amanhecer inspira. Só que é preciso fechar os olhos para ver, e ouvir o coração dizendo que a gente é como gota de água, nesse mar imenso do universo, com o poder infinito de transformar o que é invisível em cores do arco-íris. Acredita. Cada manhã dá luz a um novo dia, mas és tu quem faz nascer a alegria.
António Soares
17-02-2005
Eu queria ser...
O parceiro das tuas alegrias,
o ombro das tuas infelicidades ,
o motivo de cada sorriso
e a razão de tua saudade.
És do poeta a inspiração,
do músico a própria canção,
o néctar da mais fina flor,
do mundo, meu grande amor.
És poema que nunca foi lido,
o sonho que não quero acordar,
do amor, o próprio cupido,
minha vida, o meu sol, o meu ar.
Se tivesse eu o dom da poesia,
para numa só palavra
descrever o amor,
este nome o teu seria.
E eu o faria, em verso ou prosa
como faz o trovador.
Mas como na poesia não posso
me apoiar, apenas três palavras queria escrever
"Eu te amo",
mesmo sem acreditares,
és o sonho que não quero
acordar.
António Soares
17-02-2005
SER FELIZ
Ser feliz é...
Fazer das lágrimas um sorriso,
do passado um presente,
do futuro um tudo,
do nada um pouco.
Ser feliz é...
Fazer do ódio um amor,
do amor um alguém,
desse alguém uma vida
Dessa vida Tu!
Saudade é
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade,
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido..."
António Soares
17-02-2005
Castelo de Versos
E nos traços que os descrevo escrevo meus versos como um arquitecto inquieto que ergue suas estruturas, construo meu castelo de figuras e sigo em frente.
Disciplinente que sou
dispenso o mestre de obras e com as sobras da argamassa torno parede sólida a fumaça dos sonhos do dia a dia.
E assim faço minha poesia, dos meus planos que são sonhos e não me oponho aos factos, apenas remodelo-os como criança caprichosa como o espinho prematuro que antecipa a rosa.
Asas
Asas para que vos quero?”
Talvez para um voo pelo mundo...
Quem sabe, para um mergulhar profundo...
Ou talvez para chegar até ao mar.
Esses mares nunca antes navegados...
Esses mares, com lembranças do passado,
de frágeis naus, a lhe desafiar.
Asas, da imaginação do navegante,
que pelo mar viu monstros arrepiantes,
e se encantou com sereias a cantar.
Asas, que me deram força de voltar,
que a fúria nela sobreviveu,
para realizar o objectivo, sonho seu,
de, para sua bela, retornar.
Asas, que tenho em meu viver,
qual gaivota, e que me faz vencer,
toda tormenta de nuvens,
que possam, um dia, meu céu ameaçar.
“Asas, para que vos quero?”
Vos quero...simplesmente...
Para poder voar...
António Soares
16-02-2005
Navegando
Busco no espaço branco de minha tela inspiração para versos não escritos.
Navego com a intenção da caravela que leva em seu ânimo os espíritos.
Povoar de rimas e versos novos, este pedaço azul mal descoberto,
como se palavras fossem povos que pisam em terra com ar incerto.
Descubro-me descobrindo minhas palavras dobrando o cabo de meus tormentos.
Faço de tantas letras minhas escravas e navego ao sabor dos ventos.
Exploro com voracidade o mal que semeio,
sem cuidados e sem canteiros deixando vagas sob meus passos.
Mas, olho para trás e vejo espantado que a terra não ficou vazia restou, sobre este
chão pisado a lavra de minha poesia.
16-02-2005
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