Ser Poeta (Perdidamente)
Desejo especialmente estas letras para a minha querida mãezinha
D
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dize-lo cantando a toda a gente!
As Rosas (A Promessa)
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
é como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes
Todo o fulgor das tardes luminosas
O vento bailador das primaveras
a doçura amarga dos poentes
e a exaltação de todas as esperas
Quando à noite desfolho e trinco as rosas
És tu a primavera que eu esperava
A vida multiplicada e brilhante
Em que é pleno e perfeito cada instante
Sophia de Mello Breyner
O DIA A DIA????
Passam-se dias, meses e mais de um ano. Será que esta brincadeira é para continuar?
Porque nesta altura não pode ser classificado de outra forma, um jogo com um só participante, um espectáculo em que o actor e espectador são a mesma pessoa, eu próprio. Uma brincadeira para satisfação pessoal, uma festa em que toco musica, lanço foguetes e apanho as canas queimadas.
Mas quantas vezes o que fazemos, não o fazemos unicamente por nós, pelo gosto que dá e não necessariamente para compartilhar com terceiros. Quantas vezes convidei e nada aconteceu.
Se eu fosse alguém com uma opinião forte e formada sobre diversos assuntos, provavelmente acabaria a importante partilha, tal como o disse um padre em Fátima ao confessar-me, Filho, não és pecador, é sofredor, junta todas as coisas e divide-as ao meio. Mas eu sou teimoso e confiante busco de alguém que anda incessantemente à procura, que não sabe, que vai achando que ..., mas que não tem certezas de nada.
Ainda continuo, no meu papel de recém nascido, a tentar perceber o que me rodeia, a tentar perceber os ritmos, os sons, as cores. .. a Pessoa.
Ainda continuo a tentar compreender-me a mim próprio, tarefa bem mais difícil mas bem mais interessante. Todos somos pelo um pouco narcisistas, gostamos de ser o centro das atenções, se de mais ninguém, pelo menos das nossas.
Tenho uma vida inteira (independentemente dos poucos minutos ou muitos anos que me possam ser reservados, e que pouco me restam, será sempre uma vida inteira), tenho uma vida inteira pela frente para refazer este puzzle que eu sou, e que falhou, finalmente ao fim de seis anos consegui descobrir a última peça para dissecar o meu ser, mas temo que seja demasiado longo esse tempo, que o trabalho fique por concluir e que tenha que cá voltar outra e outra vez.
António Soares,
06-10-2005
ADEUS
Adeus que me vou embora
Adeus que me embora vou
Vou daqui para minha terra
Que eu desta terra não sou.
Tenho minha mãe à espera
Cansada de me esperar
Naquela encosta da serra
Vamos ser dois a chorar
À espera tenho o meu pai
Aos tempos que o não vejo
O tempo que vai durar
O meu abraço e o meu beijo.
Vim casado e vou solteiro
Vou livre de coração
Se alguém me quiser prender
Lá não vou dizer que não.
Adeus que me vou embora
Adeus que estou para partir
Vou daqui para minha terra
De onde não volto a sair.
Num oceano sem fim
Dentro de uma barca
Navegando vou
Tempestades ou bons temporais
Ficarei ou irei...
António Soares
04-10-2005
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