Naquele Lugar
Que sobrevive do início ao fim,
no intransponível que mora em mim...
Onde tudo posso encontrar,
onde todo sentimento consigo guardar.
Naquele lugar...
Que achei minha identidade
que perdi o orgulho, a vaidade
que me deixei enterrar.
Ali naquele espaço irreal
tão frágil, tão virtual...
Desequilibrado e desigual
tão artista, triste, tão normal.
Naquele lugar...
Que dentro de mim vive assim...
Cada instante
tão pequeno, tão gigante.
Travesseado, iludido
em conflito por tudo que eu não digo.
|
Naquele lugar...
Que sempre insisto em encontrar,
porque apenas lá posso te achar...
Somente lá...posso te amar,
nada é preciso disfarçar...
Ali, minha auto - estima é só minha.
posso ignorá-la...
Consigo num passe de mágica deleitá-la.
E não sou observado, não sou julgado...
Nada tenho a esconder,
a cada lágrima que quer escorrer,
a cada dor que me consome,
eu posso gritar o teu nome...
Ainda bem que Deus está do meu lado.
E apesar das palavras,
das emoções nem sempre
no rosto estampadas,
das acções tantas vezes analisadas,
das partidas e das chegadas...
Criou dentro de mim
a minha verdadeira voz,
que desprovida de barreiras
que tantas vezes ferida pode ser verdadeira,
aniquilada nos seus sonhos,
pode gritar...
Ainda que ninguém possa escutar,
ainda bem que, abrigado
do lado esquerdo do peito,
nossa voz tem o direito
de sempre falar...
o que muitas vezes é preciso calar...
CHAMA OCULTA
É noite escura.
Apesar disso, vêem-se vultos,
mal, distinguindo-se apenas pelos diferentes tons de negro.
O olhar oculto é a única luz nesta noite,
todas as outras chamas estão escondidas ou adormecidas,
definitivamente ausentes.
Porquê ?
Porque não as vejo. Estarão lá ?
Talvez. No entanto é noite escura.
Devo procurar a luz ?
Chama-la ? Encontra-la ?
Mas o que é que chamamos luz?
Que chama é esta ?
O ver ou o visto ?
A lucidez ou a luminosidade ?
A própria luz ?
Qual ?
O primeiro dilema é este,
parar e procurar apurando os sentidos,
afinar a própria lucidez para ver esta maravilhosa luz,
ou continuar a andar durante a noite negra procurando-a,
sabendo que existe e que os sentidos conseguem vê-la,
mesmo ao longe, distante.
O que aparece é visível porque se mostra e porque é visto.
Por isso adoro ver esta chama ardente,
quando fecho os olhos maravilhado pela escuridão do mar,
lembro-me da sua chama oculta,
que me ilumina silenciosa e esplendorosamente,
É noite escura, mas a chamada luz oculta está lá,
basta fechar os olhos.
António Soares
23-03-2006
. Página de Homenagem póstu...
. Mensagem de Adilia Pires ...
. Homenagem póstuma a Antón...
. ...
. ...
. ...
. ...
. ...
. ...
. ...